sábado, 26 de fevereiro de 2011

Preconceito racial entrando em extinção

Atriz negra Halle Berry, 2004
Já vai tarde, não precisamos disso

Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar na classe econômica e viu que estava ao lado de um passageiro negro. Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo.
— Qual o problema, senhora? — Pergunta uma comissária.
— Não está vendo? — respondeu a senhora — vocês me colocaram ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Você precisa me dar outra cadeira
— Por favor, acalme-se — disse a aeromoça — infelizmente, todos os lugares parecem ocupados. Porém, vou ver se ainda temos algum disponível.

A comissária se afasta e volta alguns minutos depois.
— Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe econômica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar na classe econômica. Temos apenas um lugar na primeira classe.

E antes que a mulher fizesse algum comentário, a comissária continua:
— Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe econômica se assentar na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável.

E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:
— Portanto, senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe…

E todos os passageiros próximos, que, estupefatos, assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.
O texto trata de um assunto recorrente em nossa cultura. O preconceito, sobretudo dos mais velhos, a respeito da cor da pele das pessoas. E, independentemente de ser um fato real (não achei qualquer evidência nesse sentido), a lição é louvável.

Quando eu era criança, notava um certo desconforto de meus avós se aparecia com algum amigo negro. Como se tivesse que tomar um cuidado especial em relação a isso, como se a maldade fosse algo inerente à cor da pessoa. E estou certo de que a maioria deles se escandalizariam se eu até namorasse com uma negra.

A geração dos meus pais já sentia diferente. Os meus não me transmitiram qualquer coisa que vá além de padrões de beleza, como preferência por cabelos que não sejam crespos. Isso me parece comum, mas bem sei que talvez nossos filhos já não percebam assim.

Padrões de beleza também mudam, as gordinhas pareciam ser preferência em gerações passadas, e agora parece que preferem as esqueléticas. Não diria eu que isso seria preconceito (ao menos no pior sentido da palavra).

Mesmo assim, continuam muito comuns as piadas sobre negros, assim como existem piadas sobre portugueses e sobre homossexuais. Em boa parte, trata-se de humor sobre diferenças, e não necessariamente de cunho ofensivo. Mas é bem verdade que há aqueles que se ofendem muito facilmente.

É preciso considerar que, culturalmente, quando se fala que a situação tá preta, é porque há um problema. Mas isso não significa que ser preto (ou negro, politicamente correto) seja um problema. É cultural, e ninguém deveria se ofender com isso. Assim como também não deveria se ofender se alguém o chamasse de negro, se ele assim o é. Pois eu também não posso processar ninguém que me chame de branco, ou pardo. Por uma brincadeira assim Danilo Gentili, do Programa CQC, já foi preso.

A verdade é que, assim como ocorre com os gordos, ou com os gays, muitas vezes o preconceito parte deles mesmos, com uma questão de auto-imagem mal resolvida. É só observar as manifestações que ocorreram quando escrevi sobre a legislação em defesa dos gordos. É uma das páginas mais acessadas desse site e mais criticadas.

Não me incomodo com negros ao meu redor. O que me incomoda mesmo é a burrice, a falta de educação e a falta de caráter de muitos, sejam eles brancos, amarelos, pardos ou negros. Isso sim me dá náuseas.

Um comentário:

  1. Essa foi a melhor coisa que ouvi até hoje,às vezes mesmo as pessoas acham-se ofendidas porque não se aceitam a si próprias, pensam que são muito diferentes, mas no final era só uma brincadeirazinha que sempre se diz, como a tal da coisa tá preta.

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