sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O meu teatro de vampiros

A vida nos prega peças a cada instante. Há perigo na esquina, há segredos nos corações, há dores nas ilusões. E embora a literatura e a dramaturgia contemporanea insista na ideia, não há ninguém com superpoderes, não há vampiros, nem lobisomens - ao menos não como costumamos imaginar. Tudo o que podemos contar é com nossa própria percepção sobre as coisas ao nosso redor. Sem realidades alternativas, o que temos é uma única oportunidade para sermos felizes.

A cada novo passo, na busca desenfreada pela felicidade, há uma decisão só nossa, que não pode ser transferida para mais ninguém. Mesmo assim, para cada decisão tomada, há uma gama de consequências que dizem respeito não somente a nós, mas às pessoas ao nosso redor, afetando suas existências de diferentes formas.

Os relacionamentos são marcados por rótulos e as pessoas têm uma tendência irresistível de especular sobre a vida alheia, emitindo julgamentos e distorcendo fatos. E o mais triste disso tudo é que, na maioria das vezes, nossas maiores virtudes não serão vistas ou reconhecidas. Mesmo por aqueles que mais amamos. Não importa o quanto nos doemos.

Vivemos num tempo de guerra de valores. A ética, a educação e os bons costumes não evoluíram como ocorreu com a tecnologia; pelo contrário, em alguns casos parecem ter regredido. Num mundo assim, onde a virtude se envergonha e o pecado é louvado, é preciso ter muito caráter pra ser fiel aos próprios princípios, na contra-mão de toda essa hipocrisia.

No entanto, seria covardia achar que, porque ninguém faz promove nossas virtudes, o mais apropriado seria parar de cultivá-las. Afinal, somos nós que devemos saber a que viemos neste mundo.

Acredite ou não, um dia seremos julgados. Não pelo que fizemos ou pelo que deixamos de fazer, mas por aquilo que nos tornamos. No ocaso da vida, nos veremos num espelho, para nossa desgraça ou felicidade eterna.

Eu me arrependo de muita coisa aos 37. Mas a maior parte desses arrependimentos é por aquilo que não fiz. E nada que se faça hoje poderá mudar isso. Assim como nada pode arrebatar de meu coração cicatrizes silenciosas. É que, Quando nos detemos olhando para trás, corremos sempre riscos de nos tornarmos estátuas de sal, amargas pelo que deixamos lá. Riscos de enlouquecermos num mundo de cruéis fantasias.

É por isso que o hoje é o momento mais importante. É quando tudo vale a pena. E o amanha tem cores surpreendentes, a serem pintados com pincéis de vários tipos e tamanhos.

Feliz 2012. Não será o fim, mas é sempre um recomeço!

"A riqueza que nós temos ninguém consegue perceber. E de pensar nisso tudo, eu, homem feito, tive medo e não consegui dormir" (Renato Russo em Teatro dos Vampiros).

Nenhum comentário:

Postar um comentário