sábado, 8 de março de 2008

O jogo da vida...

Apesar de todas as críticas que surgem contra o reality show Big Brother, há um aspecto positivo nisso tudo - além do próprio entretenimento gerado -: a exposição da natureza humana. Como um animal acuado, ele também reage com medidas extremas à situações extremas. Não tem como ser diferente.

O jogo da vida é assim. O ser humano é assim. Ele se corrompe facilmente. Ninguém quer reconhecer, mas em situações extremas, quando se quer muito uma coisa, muita gente passa por cima dos princípios. A ética passa a ser relativa, e os fins passam a justificar os meios. E se fica torcendo pra ninguém ver.

Quanto mais tempo vivo menos me surpreendo com isso tudo. Realmente, com o tempo a gente vai ficando mais tolerante com as pessoas. Porque o ser humano é, por natureza própria, ridículo. Ridiculo em suas contradições. É muito fácil criticar quem está do lado quando a gente não consegue se enxergar. Mas quando a gente aponta os dedos para alguém, outros quatro apontam para nós.

Um outro ditado diz que, se ninguém é tão bom quanto demonstra no seu melhor dia, também não é tão ruim quanto no seu pior dia. Enfim, as pessoas são imprevisíveis, e é isso que nos fascina nelas. A capacidade de se adaptar às circunstâncias e se reconstruir para superar os obstáculos.

Acho que o importante nisso tudo é ser autêntico. É ser verdadeiro. É aceitar-se a si mesmo, aceitar as próprias emoções, aceitar as próprias inclinações. Entendam bem: não falo de conformismo. Falo que, para que alguém possa se transformar numa versão melhorada de si mesmo é preciso antes reconhecer-se a si mesmo. Seu radical. Sua personalidade. Sua programação. E, a partir daí, gerar uma nova versão. A cada dia.

Sendo mais tolerante a cada dia, eu até consigo aceitar as pessoas como são, com suas contradições e erros. Mas tem um tipo de pessoa que me causa náuseas: são aquelas que ignoram-se a si mesmos e projetam uma imagem que não lhes pertencem. Estes não são autênticos, são clones manipulados. Fugitivos da própria realidade. E qual a consequência? Erros crassos. Por causa da imagem que projetam, geram uma expectativa irreal nas pessoas que lhes cercam. Quando cometem erros, surpreendem a todos. Mas, mesmo assim, dizem sem falar: "Calma. Nada é tão grave". E também: "Paz. Segurança". E é aí que mora o perigo. Porque, assim como não se assumem, não assumirão as consequências pelos seus atos. Deixarão para os outros. Porque "tudo está sob controle". O mundo cai, e eles se mantém com aspecto inabalável, alheio a tudo o que causam. Como uma criança que quebra algo e fingue que nem viu. Estes, sinceramente, não quero mal. Quero longe de mim.

Quero ao meu lado, ao meu redor, pessoas de bem com a vida. Pessoas divertidas. Pessoas que riem dos próprios erros, e que fazem os outros rirem também. Pessoas que conseguem ser cômicas diante das adversidades. Pessoas que vêem as coisas como são, sem querer transformar tudo num espetáculo onde se torne o próprio protagonista, ou melhor (pior), no herói do pedaço.

Eu não sou mais suficientemente jovem para saber de tudo. Mas o tempo vai passando eu vou sabendo lidar cada vez um pouco menos com a realidade. Mesmo assim, os resultados são cada vez melhores!

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