Nos tempos de minha mais tenra juventude, romântico e cheio de ideologias que era, havia decidido em meu coração fazer de minha vida uma busca incessante do Amor. Busquei o Amor de todo o meu coração, pelos caminhos mais esperados com uma perseverança inesperada: busquei o Amor na forma do eros, no sexo oposto, mas também busquei o Amor na forma do agape, no ser divino.
A jornada era longa e era cheia de obstáculos. Não era fácil distinguir os sinais verdadeiros das propostas imediatistas e ilusórias, que inequivocadamente levavam à frustração. Mas, com a força própria dos ideais da juventude, mil vezes me reerguia e retomava o caminho, não importando o quão insuportável fosse a dor. A certeza era de que havia uma prêmio a alcançar.
No meio do caminho, sentimentos intensos que pareciam durar para sempre se esvaíram. Certezas se anularam, paixões se foram, irmãos se perderam. Armadilhas, contradições, interesses obscuros, boas intenções. Uma tenra juventude mais longa do que uma vida inteira, apenas para formar uma nova vida, uma vida adulta, sem ingenuidades, sem ilusões.
Nessa jornada, num determinado momento encontrei o Amor. Mas eu não saberia dizer exatamente quando foi, porque não foi exatamente um evento, mas um reconhecimento: quando vi, estava lá! E um mundo novo se fez, tudo passou a fazer sentido...
Mesmo assim, ao contrário do que eu pensava, encontrar o Amor não significava se ver livre da dor. O amor é uma segurança, e a dor uma garantia - assim descobri. Como não há flor sem espinhos, no fogo se prova o ouro. E o amor está lá, garantido pela chama. Tal ferida que dói e não se sente. Não se sente?
Por vezes, a dor parecia arrebatadora, infinita, insuportável. A maior das dores se sente na alma, e provoca saudade de qualquer dor de dente, ou qualquer enxaqueca. Mas essa mesma dor, quando canalisada adequadamente, condiciona, purifica, restaura. Essa dor é a que chamamos de cruz, e que leva a um renascimento. É impossível encontrar ressurreição de morte.
Enfim, parei de buscar o Amor. Porque ele é mais certo do que o ar que respiro, e inerente à minha existência. Depois que se anda de bicicleta, nunca mais se esquece.
O Amor está aqui, está ali, está onde quer que eu vá. Eu não mais o busco, porque mesmo que eu quisesse agora me esconder, ele me encontraria. Essa espada de dois gumes.
Esse Amor, tanto na forma do agape, quanto na forma do eros, tem seu preço e sua condição. Ele é, ele faz. Ele grita, ele silencia.
A única diferença que percebo no momento, é que no agape ele é tranquilo e sereno. E no eros, ele é tortuoso e exigente. Mas nos dois casos, você precisa fazer por merecer.
terça-feira, 30 de julho de 2013
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